Azul assina acordo para adquirir nova empresa com ativos da Avianca Brasil

De capital aberto, a Azul foi obrigada a abrir o jogo na manhã desta segunda-feira, 11, e contar ao mercado que está negociando os ativos da Avianca Brasil – empresa dos irmãos Efromovich que entrou em recuperação judicial no fim do ano passado. A Azul está oferecendo US$ 105 milhões por 30 aeronaves do modelo Airbus A320, além de 70 pares de “slots” – permissões de voo. 



A companhia já estava de olho nas aeronaves desde 2018, quando a crise da Avianca emergiu após arrendadores dos aviões, sedeados na Irlanda, pedirem na Justiça a retomada dos ativos. A empresa não conseguia mais pagar o aluguel de ao menos 40 aeronaves desde outubro. A Azul chegou a receber os arrendadores para entender a situação e as condições para ficar com as ativos. Desde então, sete aeronaves passaram a integrar a frota da Azul, mas a companhia não confirma que algum deles tenha passado pelas mãos da Avianca. 

Enquanto isso, a empresa que tem José Efromovich como principal acionista, mas o irmão Germán como uma espécie de controlador, tentava manter os aviões por meio da Recuperação Judicial, no que foi bem-sucedida. Em 13 de dezembro de 2018, a Justiça de São Paulo aceitou o pedido, evitando a retomada dos ativos. Com a empresa blindada, a Azul, fundada por David Neeleman, sentou para negociar diretamente com os acionistas da concorrente no começo deste ano. 

Até a entreda da Azul no jogo, a Avianca tinha apenas uma proposta na mesa: a do fundo abutre americano Elliot Management – fundado por Paul Elliott Singer, o fundo detém grande parte da dívida não paga pela Argentina nos anos 1990 e é atualmente o dono do time italiano de futebol Milan, comprado do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi. O grupo de Nova York ofereceu US$ 75 milhões pelas aeronaves que estavam sendo requeridas pelos arrendadores. Os acionistas quase aceitaram a oferta, uma vez que teriam de pagar apenas US$ 25 milhões pelo restante das aeronaves. Porém, com a entrada da Azul, o cenário mudou. 

Agora, a Avianca irá criar uma nova companhia, com novo cadastro de pessoa jurídica – limpo –, para que os ativos possam ser vendidos por fora da Recuperação Judicial. Essa Unidade Produtiva Isolada (UPI) receberá as 30 aeronaves e os 70 slots. Porém, a Azul não deverá ser a única empresa interessada em levar esses ativos. A UPI deverá ir à leilão e outras empresas poderão concorrer pelos ativos. 

“Destacamos que o acordo é não-vinculante e que o processo de aquisição da UPI está sujeito à uma série de condições como a conclusão de um processo de diligência, a aprovação de órgãos reguladores e credores, assim como a conclusão do processo de Recuperação Judicial. A expectativa é que esse processo dure até três meses”, disse a Azul em Fato Relevante, nesta segunda. 

Para a Azul, que possui um forte plano de expansão, será importante a aquisição da UPI. Além das aeronaves, que passarão a integrar a frota que já conta com jatos da Embraer e bimotores franceses ATR, os slots reforçarão a operação em grandes aeroportos. Cerca de 70% das permissões de voo que integrarão a UPI estão em Congonhas (SP), Guarulhos (SP) e Santos Dumont (RJ). Slots em Brasília também integram a nova empresa.

A Avianca, ao final desse processo, ficará com pouco mais de um terço da frota atual. Porém, caso o valor oferecido pela Azul entre diretamente no caixa da empresa, será suficiente para pagar os arrendadores. Ainda não está claro se a empresa encerrará suas operações no Brasil. Mas, é fato que a empresa, que vinha crescendo no mercado brasileiro, será devastada. Os irmãos, nascidos na Bolívia, mas com cidadania brasileira, que chegaram a quase comprar a portuguesa TAP, entre 2012 e 2013, podem ter de deixar o mercado de aviação no país. Lá fora, a Avianca, que não tem gestão compartilhada com a empresa homônima no Brasil, não será afetada por essa negociação. Atualmente, a companhia baseada na Colômbia negocia uma integração com a United Airlines, dos Estados Unidos, e com a Copa Airlines, do Panamá.

Ações da AZUL em alta

A Bolsa operava em alta hoje, com destaque para as ações da Azul, que subiam após o anúncio de que a companhia aérea assinou um acordo de US$ 105 milhões para a compra de ativos da rival Avianca Brasil. 

Por volta das 12h20, as ações da Azul se valorizavam 6,42%, a R$ 39,44. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subia 2,09%, a 97.362,02 pontos, enquanto o dólar comercial registrava queda de 0,75%, a R$ 3,841.

Informações - UOL e Época

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