Autoridades de Anápolis discutem a situação da Base Aérea após a parada dos Mirages F2000

Autoridades de variados setores da sociedade se reuniram ontem pela manhã, no Juizado da Infância e Juventude de Anápolis, para discutir as mudanças pelas quais a Base Aérea de Anápolis (Baan) começa a passar com a aposentadoria nos caças Mirage 2000, anunciada para 31 de dezembro. O receio é que a unidade perca parte da sua importância no papel de defesa do espaço aéreo nacional, uma vez que o Projeto FX, de substituição das aeronaves, se arrasta, sem êxito, há 12 anos.


Atualmente, a Baan dispõe de 12 Mirages 2000, metade deles em operação, mas vai perdê-los ao final do ano e deve ter, como substituto, inicialmente, apenas um F5 M (Modernizado), que será destinado à Baan para fazer o serviço rotineiro de alerta. A mudança impacta diretamente sobre o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), que, inclusive, tem seis de seus pilotos em processo de transferência para outras unidades da aeronáutica. A informação foi repassada pelo titular do Juizado da Infância e Juventude, Carlos Limongi Sterse, um dos participantes do encontro.

Conforme o juiz as perdas sem a efetivação do Projeto FX serão notórias para a Base Aérea e, consequentemente, para Anápolis, e algo precisa ser feito no sentido de viabilizar o Projeto FX. “Com ele o Brasil ganha em termos de transferência de tecnologia, com o desenvolvimento de novos conhecimentos. Mas, se ele não for efetivado, a Base Aérea perde parte da sua importância, já que existe o receio de uma desarticulação do GDA. Ele não deixa de existir, mas não será como antes, e a defesa aérea ficará mais vulnerável”, avalia Sterse.

Também presente à reunião, o ex-comandante da Baan entre 2004 e 2005 coronel Cícero Ceccatto, preferiu resumir a importância do debate ao envolvimento da sociedade, que também teria se sentido afetada com a situação. Para ele, Baan e Anápolis estão profundamente interligadas e que a manifestação é importante no sentido de ajudar o governo federal na tomada de decisão pela continuidade do Projeto FX. “Ele vai trazer conhecimento, preparar as pessoas e até mesmo fomentar a instalação de indústrias ligadas ao setor”, comenta.



Coronel Cícero Ceccatto, que hoje é assessor de Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, garante, no entanto, que a Força Aérea Brasileira (FAB) já tem estudos sobre o caso e que para cada situação existe uma alternativa a ser aplicada para resolver ou amenizar os problemas que surgem. “Ela não vai deixar, como nunca fez, de conduzir um processo que evite deixar vulnerável a condição de defesa aérea”, assegura.

O coronel diz ainda que, apesar de haver uma demora média de quatro a cinco anos para a chegada de uma aeronave de caça, a partir da decisão de governo, Base Aérea de Anápolis e 1º Grupo de Defesa Aérea não serão penalizados e jamais vão acabar. “Eles vão crescer, só existirão ganhos para a Base e para a cidade. Esta é apenas uma situação de momento”, concluiu.

Comentários